sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Boneca de Pano

Talvez eu seja uma boneca de pano, cujo coração foi roubado. E um rombo gigantesco foi deixado em meu peito. De repente, veio uma dor forte e se instalou em mim. E ficou, em cada metro de meu corpo rendado, com meus panos e babados. Os meu vestidos passaram a ser mais escuros, independente do cair da noite ou do levantar do dia. Eles só eram propícios se mais próximos do negro que me abrangia. Chegou uma hora em que não os quis mais trocar, não fazia diferença.
Todo dia eu acordava e botava minha mão sobre meu peito, apertava-o, e não sentia nada.
Até que, em uma noite pouco escura e menos sombria, eu vi um clarão no canto de minha cama.Cheguei minhas mãos até ele, e encontrei, ali, meu coração. Abri meu armário, peguei minha caixa de costura e retirei a atadura de papel que cobria meu peito de pano.
Coloquei meu coração de volta e o costurei, cuidadosamente. Talvez eu realmente seja essa boneca de pano com o coração resgatado.
Porque, sim, ele voltou para mim, sim, meus vestidos e panos o cobrem, eu o abrigo. Mas não o sinto assim. Ele voltou intacto e este foi o problema. O coração da triste boneca de pano não foi amado como amara, não foi desejado como desejara, e não teve o que quis.
O coração da boneca não era nada além de um pedaço fofo de pano, em formato reconhecível. Ele não fora modificado, e pior, não fora roubado.
A bonequinha queria que alguém a amasse como ela o amaria e, para isso, teria de ter consigo uma parte de seu coração. Mas, vendo-o voltar intacto, percebeu que sua missão fora imcompleta, sem sucesso. Talvez eu realmente seja essa boneca de pano, cujo coração roubado não fora amado, cujas pessoas em volta não se misturam, cujo caminho é um ponto de interrogação.
E, principalmente, cuja procura será guiada até que encontre aquele pedacinho mínimo de seu coração, que ainda não percebeu sumir, mas que fora roubado, discretamente, para ser modificado, tocado, e amado.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Sorrisos Superficiais e Choros Melancólicos

Meu sorriso não é real,
Minha alegria, superficial,
Tão superficial
Que não engana ninguém.

Sinto minhas forças se dissiparem,
Então ligo meu rádio,
E ouço histórias mais tristes,
Bem mais que a minha,
E por um momento,
Não me sinto tão infeliz.

Até me lembrar,
Que são hisórias de mentiras,
E a minha, de verdade.

Deito na minha cama e choro,
E em prantos recordo,
Tudo  que aconteceu.
Sou uma criança,
Que chora por besteiras,
Que dorme chorando,
Que chora sonhando,
Até que o sol apareça,
E tudo comece outra vez.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Lágrimas escorrem por minha face,
Vejo gotas de sangue caindo no chão,
Gotas do meu sangue.
Há um vazio em minha alma,
Não sei o que sinto,
Apenas sinto,
E choro.
Choro como nunca chorei antes,
Correntes de água saem de meus olhos,
E passam pelo meu rosto.
Sem motivo e sem razão,
Esse meu maldito coração,
Vive num mundo de ilusão.
Um mundo que acaba de desmoronar,
E eu sem saber por onde andar,
Fico vagando, sozinha a pensar,
No motivo de tanto sofrimento.
Por que não consigo sair desse tormento?
Demônios espreitam-me enquanto durmo,
Querem me levar para o submundo.
Mal sabe eles, que nele já estou.
Pois em mim só há rancor e ódio,
Desejo de vingança e sede de sangue!
Sede do sangue de meus inimigos!
Ainda choro,
Mas agora já sei o motivo do problema,
E também como solucioná-lo.
Meu choro só parará,
Quando o sangue de meus inimigos,
Minha boca tocar !!!!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A Morte me Espera

Pulsos cortados


De tanto sofrimento

No meu rosto angustiado

Resta-me apenas o último momento

Eu,que já perdi a esperança de uma linda vida

Acho que ninguém sofre como eu sofro

Só espero a minha ida

Como um vento que vai dar o seu último sopro

Me pergunto como tudo desmoronou

É tão horrível viver e ao mesmo tempo querer estar morto

Eu choro como ninguém nunca chorou

Eu não consigo mais suspirar sem ter medo do futuro

Quero apenas um dia feliz

Eu mereço essa dor diante do que fiz

Minha vontade é fechar os olhos

Porém,existem tantas pessoas lá fora que iriam sentir minha falta

Mais eu vou embora mesmo assim,pois esse sofrimento não me solta

Nenhum ato de consolo vai me consolar

Eu já não tenho mais esperanças de minha vida mudar

Eu queria não ter um amanhã,eu queria nem ter um agora

Eu apenas quero que essa punição vá embora

E a quem estiver lendo esse poema

Saiba,não há solução para esse meu problema

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

   Eu estava numa floresta, na beira da estrada, correndo atrás de meu amigo que tinha roubado uma fita de meu cabelo. Estava perto da hora do crepúsculo, a hora em que o dia dorme e a noite acorda. Aos risos e gargalhadas eu consegui alcançá-lo. Mas não porque eu corri o suficiente pra conseguir tal proeza, e sim , por que ele subitamente parou e continuou parado ali, como uma pedra de mármore apontando a floresta escura atrás de mim.
   Pensei em me virar e ver o que ele tanto apontava, mas hesitei. Não fiquei conformada com meu repentino medo, então decidi me virar de vez e ver o que tanto o amedrontava. E me arrependi amargamente dessa decisão...
   Ao me virar, acho que fiquei com mesma expressão mortificada de meu amigo, porque atrás de nós havia um enorme e horripilante lobisomen...Eu queria correr pra bem longe, mas minhas pernas não se moviam...Até que respirei fundo, segurei a mão de meu amigo, e corri, corri o mais rápido que eu pude. Nos escondemos atrás de enorme arbusto, nossa sorte foi que um carro passou  na antiga estrada, que liga  a cidade com a aldeia, e o lobisomen foi atrás dele.
   Pra piorar, havia bem atrás de mim, um segundo lobisomen, que me pegou pela cintura, mas a essa altura eu só conseguia ouvir meus gritos de socorro e meu amigo chamando meu nome...
- Solte-a.- Ordenou meu amigo ao lobisomen.
- Ela não pode pisar nestas terras.- Retrucou o lobisomen.
- Para onde vai levá-la?
- Pra longe, muito longe...-
   Subitamente o lobisomen ficou de pé na frente de uma grande árvore, e colocou nela um amuleto indígena antigo,e de repente alguma coisa na árvore começou a se abrir, como se fosse um quadro em preto e branco. O quadro era meio sombrio, uma garota com cabelos longos e pele escura de frente para uma praia deserta. Eu estava tão imersa em meus devaneios que esqueci tudo ao meu redor. Até que a voz de meu amigo me trouxe a realidade.
- E quem vai cuidar dela?- Perguntou meu amigo ao lobisomen.
- A mãe Natureza cuidará dela...-Ouvi apenas isso e voltei a olhar o estranho quadro, mas a garota estava começando a se mexer e a me chamar. Quando ela virou completamente para mim, eu pude ver como era seu rosto...Um rosto pálido, com tons de hematoma ao redor dos olhos, a expressão  da garota era cadavérica...Não fazia juz aquela imagem tão linda...A garota estendeu as mãos pra pegar as minhas, e então, ela me puxou para dentro daquele sinistro quadro.
    E desde àquele dia, eu estou presa neste quadro esperando uma alma que tenha compaixão e me tire desse tormento eterno...