sexta-feira, 11 de setembro de 2009

   Eu estava numa floresta, na beira da estrada, correndo atrás de meu amigo que tinha roubado uma fita de meu cabelo. Estava perto da hora do crepúsculo, a hora em que o dia dorme e a noite acorda. Aos risos e gargalhadas eu consegui alcançá-lo. Mas não porque eu corri o suficiente pra conseguir tal proeza, e sim , por que ele subitamente parou e continuou parado ali, como uma pedra de mármore apontando a floresta escura atrás de mim.
   Pensei em me virar e ver o que ele tanto apontava, mas hesitei. Não fiquei conformada com meu repentino medo, então decidi me virar de vez e ver o que tanto o amedrontava. E me arrependi amargamente dessa decisão...
   Ao me virar, acho que fiquei com mesma expressão mortificada de meu amigo, porque atrás de nós havia um enorme e horripilante lobisomen...Eu queria correr pra bem longe, mas minhas pernas não se moviam...Até que respirei fundo, segurei a mão de meu amigo, e corri, corri o mais rápido que eu pude. Nos escondemos atrás de enorme arbusto, nossa sorte foi que um carro passou  na antiga estrada, que liga  a cidade com a aldeia, e o lobisomen foi atrás dele.
   Pra piorar, havia bem atrás de mim, um segundo lobisomen, que me pegou pela cintura, mas a essa altura eu só conseguia ouvir meus gritos de socorro e meu amigo chamando meu nome...
- Solte-a.- Ordenou meu amigo ao lobisomen.
- Ela não pode pisar nestas terras.- Retrucou o lobisomen.
- Para onde vai levá-la?
- Pra longe, muito longe...-
   Subitamente o lobisomen ficou de pé na frente de uma grande árvore, e colocou nela um amuleto indígena antigo,e de repente alguma coisa na árvore começou a se abrir, como se fosse um quadro em preto e branco. O quadro era meio sombrio, uma garota com cabelos longos e pele escura de frente para uma praia deserta. Eu estava tão imersa em meus devaneios que esqueci tudo ao meu redor. Até que a voz de meu amigo me trouxe a realidade.
- E quem vai cuidar dela?- Perguntou meu amigo ao lobisomen.
- A mãe Natureza cuidará dela...-Ouvi apenas isso e voltei a olhar o estranho quadro, mas a garota estava começando a se mexer e a me chamar. Quando ela virou completamente para mim, eu pude ver como era seu rosto...Um rosto pálido, com tons de hematoma ao redor dos olhos, a expressão  da garota era cadavérica...Não fazia juz aquela imagem tão linda...A garota estendeu as mãos pra pegar as minhas, e então, ela me puxou para dentro daquele sinistro quadro.
    E desde àquele dia, eu estou presa neste quadro esperando uma alma que tenha compaixão e me tire desse tormento eterno...

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